O segundo desfile, o de Ronaldo Fraga (do qual já falei aqui), foi inesquecível, o que é um feito quase hercúleo nesse meio de efemeridades. Ronaldo emocionou e saiu do lugar comum com sua moda autoral e lúdica. O encontro de gerações desenhado com giz, não se apagará tão fácil da nossa memória.
O terceiro, o da Animale, foi um dos que mais surpreendeu. A marca, que tem um perfil, digamos assim, mas "fatal", que costuma fazer coleções mais comerciais, com uma abordagem sexy sofisticada, para um público já fiel a esse filão, trouxe uma coleção, mais "cabeça". Com pesquisa de tecidos, tramas e materiais, a Animale refrescou a sua proposta. Não deixou de ser sexy, mas mostrou um sexy moderno, longe do convencional. Para quem como eu gosta de ver o que a roupa ainda pode mostrar de novo, esse desfile foi um prato cheio. Tricôs com fios metalizados, moldagem à vácuo, desenhos inspirados nos volumes dos músculos, formas arredondadas, maxi-zíperes, recortes e drapeados incríveis e estampas instigantes de tramas musculares e uma coisa que mais pareciam um conjunto de células, animaram a passarela. Sem contar nos corpetes, ícones de sensualidade, que foram reinventados e utilizados de forma menos óbvia sob os tricôs e apenas sugeridos.
Queria muito um daqueles casacos de lã moldada, de preferência o cinza escuro, quem se habilita?