segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Inclusão e moda


Muito se fala de inclusão social hoje. Mas é fato que a moda é um dos meios mais democráticos e ao mesmo tempo mais excludentes que existem. Corpos perfeitamente magros e, que são privilégio de poucas, desfilam e encantam a cada estação em que os criadores nos brindam com suas coleções de estações frias ou quentes, como o SPFW em sua edição de inverno que acontece agora em São Paulo. 
No meio de muita roupa bonita, mas até certo ponto convencional, não raro acontecem algumas coisas daquelas que nos arrepiam e nos fazem pensar. Jun Nakao, já nos encantou a todos em 2004, neste mesmo evento, ao discutir a efemeridade da moda com uma maravilhosa coleção de roupas feitas em papel que ao final do desfile foram rasgadas pelas modelos, frente a uma platéia que não acreditava no que via. Moda que filosofa, questionando-se a si própria.
Esse ano, o maravilhoso Ronaldo Fraga, trouxe para a passarela não somente moda, mas pensamento. Num espetáculo dos mais belos, vestiu crianças e idosos com suas roupas e os pôs para desfilar, frente à críticos, compradores, curiosos, aficionados e quem mais quisesse ver que regras às vezes são burras. E muitas vezes não nos questionamos se precisamos seguí-las de verdade, apenas as seguimos, como se fosse uma verdade absoluta.
Hoje, tanto eu quanto centenas ou milhares de outras pessoas talvez, se sentiu libertada. Melhor ainda, creio que muitos se sentiram de certo modo vingados, olhando aquela linda passarela de Ronaldo, colorida de diferenças, de belezas como elas realmente são, em seu tempo e a seu tempo. Moda pra ser vestida por qualquer pessoa, sem que esta precise usar manequim 36, ou que sequer tenha passado da puberdade. Modelos de gente, vestida com elegância, humor e estilo de um dos maiores criadores que o Brasil já gerou. Esse mineiro inventivo, e contestador que hoje nos encheu de emoção. Um show de inclusão.

Nenhum comentário: