domingo, 25 de janeiro de 2009

SPFW

E o São Paulo Fashion Week terminou, com destaque (a meu ver) para os maravilhosos desfiles da Osklen, Ronaldo Fraga e Animale. E acabei de descobrir no Uol, que a opnião para o editor de moda deles também foi a mesma. Porque os três? A Osklen, é uma marca que gosto demais, pelo seu elegante despojamento e conforto, e que para este inverno trouxe roupas de moleton, aquele tecido que não se vê nas araras há muito tempo, desde a década de 80. Na verdade a marca não foi a primeiro a "redescobrir" esta matéria prima, já que tem algum tempo que a moda de rua ressucitou os casacos de capuzes, por exemplo. Mas a Osklen, fez mais, trouxe cortes novos e tratamentos diferenciados para os moletons e tricôs em uma coleção belissímamente apresentada por modelos de rostos quase lavados e dreads nos cabelos que se harmonizavam perfeitamente com a roupa. 


O segundo desfile, o de Ronaldo Fraga (do qual já falei aqui), foi inesquecível, o que é um feito quase hercúleo nesse meio de efemeridades. Ronaldo emocionou e saiu do lugar comum com sua moda autoral e lúdica. O encontro de gerações desenhado com giz, não se apagará tão fácil da nossa memória.


O terceiro, o da Animale, foi um dos que mais surpreendeu. A marca, que tem um perfil, digamos assim, mas "fatal", que costuma fazer coleções mais comerciais, com uma abordagem sexy sofisticada, para um público já fiel a esse filão, trouxe uma coleção, mais "cabeça". Com pesquisa de tecidos, tramas e materiais, a Animale refrescou a sua proposta. Não deixou de ser sexy, mas mostrou um sexy moderno, longe do convencional. Para quem como eu gosta de ver o que a roupa ainda pode mostrar de novo, esse desfile foi um prato cheio. Tricôs com fios metalizados, moldagem à vácuo, desenhos inspirados nos volumes dos músculos, formas arredondadas, maxi-zíperes, recortes e drapeados incríveis e estampas instigantes de tramas musculares e uma coisa que mais pareciam um conjunto de células, animaram a passarela. Sem contar nos corpetes, ícones de sensualidade, que foram reinventados e utilizados de forma menos óbvia sob os tricôs e apenas sugeridos.

Queria muito um daqueles casacos de lã moldada, de preferência o cinza escuro, quem se habilita? 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Inclusão e moda


Muito se fala de inclusão social hoje. Mas é fato que a moda é um dos meios mais democráticos e ao mesmo tempo mais excludentes que existem. Corpos perfeitamente magros e, que são privilégio de poucas, desfilam e encantam a cada estação em que os criadores nos brindam com suas coleções de estações frias ou quentes, como o SPFW em sua edição de inverno que acontece agora em São Paulo. 
No meio de muita roupa bonita, mas até certo ponto convencional, não raro acontecem algumas coisas daquelas que nos arrepiam e nos fazem pensar. Jun Nakao, já nos encantou a todos em 2004, neste mesmo evento, ao discutir a efemeridade da moda com uma maravilhosa coleção de roupas feitas em papel que ao final do desfile foram rasgadas pelas modelos, frente a uma platéia que não acreditava no que via. Moda que filosofa, questionando-se a si própria.
Esse ano, o maravilhoso Ronaldo Fraga, trouxe para a passarela não somente moda, mas pensamento. Num espetáculo dos mais belos, vestiu crianças e idosos com suas roupas e os pôs para desfilar, frente à críticos, compradores, curiosos, aficionados e quem mais quisesse ver que regras às vezes são burras. E muitas vezes não nos questionamos se precisamos seguí-las de verdade, apenas as seguimos, como se fosse uma verdade absoluta.
Hoje, tanto eu quanto centenas ou milhares de outras pessoas talvez, se sentiu libertada. Melhor ainda, creio que muitos se sentiram de certo modo vingados, olhando aquela linda passarela de Ronaldo, colorida de diferenças, de belezas como elas realmente são, em seu tempo e a seu tempo. Moda pra ser vestida por qualquer pessoa, sem que esta precise usar manequim 36, ou que sequer tenha passado da puberdade. Modelos de gente, vestida com elegância, humor e estilo de um dos maiores criadores que o Brasil já gerou. Esse mineiro inventivo, e contestador que hoje nos encheu de emoção. Um show de inclusão.