sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mulheres e armaduras





Hello everyboby! Grata por visitarem de vez em quando o blog menos atualizado da galáxia. Heheheh. Bem, já tô pra terminar esse post há um tempão e ele ficou no limbo e não é nem mais tão atual assim, mas eu vou postar assim mesmo. Não sei se é uma visão bem particular ou se outras pessoas já atinaram pra isso. Observando a moda em seu movimento sinuoso de idas e vindas no tempo, vimos emergir novamente os anos oitenta e sua androginia cibernética. Ombros largos e estruturados, cabelos curtos, looks fluo e metalizados povoam as coleções a titulo de referencia criativa.
Não é novidade alguma eu dizer o quanto a moda reflete seu tempo e o quanto ele pode nos falar sobre uma sociedade ou o espírito de seu tempo. Isso já virou objeto de pesquisa pra muita gente, seja nos campos da sociologia, antropologia, psicologia ou história. Moda é realmente um reflexo de tudo o que vivemos e como hoje vivemos uma profusão de referencias paralelas, em moda não poderia ser diferente. Mas mesmo tendo todo esse leque de possibilidade ao nosso dispor, é inegável que algumas tendências se ainda conseguem se destacar. E como falei logo acima, o revivel dos anos 80 é uma delas.
Essa década tão controversa, foi marcada pela chegada efetiva da mulher ao mercado de trabalho, ávida por ocupar espaços antes reservados aos homens. Para isso foi necessário abrir mão de muitos das características femininas que a pudessem rotular como o sexo frágil para poder competir com igualdade de forças com os homens.
Por isso a moda desta época usou e abusou de signos masculinos para externar essa pretensa igualdade de competências. Quem foi a mulher que vivenciou essa época que não fez uso de somente um desses itens: ombreiras, cabelos curtos, paletós e um certo ar andrógino? Pois é, mas o que lhe envergonharia hà alguns anos agora pode até ser motivo de orgulho. A moda é uma curiosa mesmo.
Bem, voltando ao nosso assunto, o engraçado é que hoje (isso já faz uma data...) olhando as fotos dos desfiles da última temporada de Milão e Paris e depois de ter lido um post do blog de Julia Petit , comecei a notar algo interessante as mulheres de armaduras. Algumas das mais importantes marcas de moda, mesmo que não fizesse menção alguma ao apetrecho de guerra, trouxeram para a passarela, mulheres de ferro, de ouro ou de prata. Mesmo na maioria das vezes carregadas de sensualidade tipicamente feminina, valorizando curvas e deixando partes do corpo à mostra, são belas e impenetráveis (no seu sentido antigo) armaduras. O que será que hoje, em tempos de direitos e deveres e até prazeres iguais, mas valorizadas as devidas diferenças, queremos dizer com isso?
Sugestões e comentários são extremamente bem-vindos.

sábado, 6 de junho de 2009

Louboutin in canvas




Fotos de moda sempre me fascinam, e ainda mais quando saem do convencional "mulher bonita em ar blasè". O designer de sapatos Christian Louboutin, que recentemente abriu sua primeira loja no Brasil, está com campanha nova nas ruas. As belíssimas fotos de Peter Lippmann com inspiração em pinturas do século XVIII, beiram o kitsh trazendo sapatos como elementos de naturezas mortas entre taças e frutas. O mais impressionante dessa campanha é como os sapatos parecem mesmo pertencer ao cenário em que estão expostos, por mais inusitado que possa ser pensar em sapatos sobre a mesa. A perfeita direção criativa é de Nicolas Menu e o styling ficou por conta de Amandine Moine.
Para ver a série de fotos completa não deixem de visitar o site do fotografo Peter Lippmann.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Evolução plástica



Na sua retomada de mercado, depois do sucesso nos anos 80 e sumiço na década seguinte, a Melissa apostou no design como seu diferencial.

Apesar da pouca atratividade do plástico como matéria-prima por ser pouco confortável por causa do atrito e a temperatura, a empresa conseguiu recriar a imagem do material como um dos suportes de maiores possibilidades para a exploração da forma.

Para a Melissa o investimento no design do produto, foi sem dúvida a grande estratégia de crescimento e consolidação no mercado, e para isso criou um espaço-loja-galeria-de-arte para ajudar nessa empreitada, associando seu produto diretamente ao cenário das artes plásticas principalmente.

Nesse caminho, a empresa já convidou nomes da arquitetura, das artes gráficas e da moda nacional e internacional para assinarem linhas de produtos. Os irmãos Campana, Alexandre Herchcovitch, Vivienne Westwood e Karim Hashid foram alguns dos nomes que ajudaram a agregar valor à marca. Uma das últimas investidas foi em Zaha Hadid. Mesmo que muita gente não tenha ouvido falar neste nome, essa arquiteta tem uma história sólida dentro de sua profissão, tendo sido inclusive a primeira mulher a ganhar o prêmio Pritzker de arquitetura pelo conjunto de sua obra.

A sandália desenvolvida por ela tem por característica principal a assimetria. Os dois pés são diferentes e dão a idéia de continuidade formando um desenho único. Para o seu lançamento, a Melissa contratou a Casa Darwin que ficou responsável em desenvolver sua estratégia de lançamento. O resultado foi a confecção de um par de sandálias em grandes dimensões pela Coala Filmes para expor na entrada da Galeria Melissa, e depois seguir viagem pelo mundo com a exposição Plastic Dream . O vídeo com do making of você confere abaixo. Algumas obras de Zaha Hadid também estão aí para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a arquiteta.



segunda-feira, 20 de abril de 2009

Design inteligente


Olha gente, sou designer de formação e se tem uma coisa que me faz vibrar são aqueles projeto de design que tem bom conceito, boas soluções e acabamento impecável. A gente vive hoje um tempo em que a aparência dos objetos muitas vezes é tão forte que a função deixa a desejar. Tudo bem que nossos amigos da época da Bauhaus podem até ser combatidos em muitas de suas convicções nos dias atuais, mas pra mim, se um objeto tem uma função ele deve cumprí-la com um mínimo de eficiência, isso é design.
Um designer da Califórnia chamado Josh Jakus é pra mim uma das maiores descobertas nesse sentido. Sua linha de bolsas chamada UM bags, é fantástica.



Feitas de feltro, elas exploram com destreza as qualidades do material que por ser pouco maleável foi trabalhado de forma a não ter emendas. Com acabamento feito apenas com zíper, essas criativas e funcionais bolsas, podem ser completamente planificadas, facilitando sua execução, armazenamento e transporte. Para quebrar a monotonia do feltro cinza, elas ganharam cores nos zíperes e sua forma é tão engenhosamente projetada que qualquer um adoraria ter uma maravilha dessa em seu guarda-roupa. Eu, inclusive.
E o preço, não é dos mais baratos, mas não chega a ser um mimo inacessível, elas estão à venda na Design Public e variam de US$ 65,00 a US$ 135,00,o único probleminha é que eles não entregam no Brasil.

Com PE na lama


Não, eu não errei na ortografia, foi apenas um trocadilho meio ruinzinho mesmo. Essa eu li no SneakersBR, e amei a novidade. Para quem é pernambucana como eu, dá aquele orgulhinho bairrista ver uma iniciativa como esta.
A Nike está lançando o Air Max 1 – Lanceiro, um tênis com o design inspirado no estado de Pernambuco e principalmente em suas manifestações culturas. Com influências do Manguebeat, o tênis tem as cores da bandeira e padrões gráficos tirados dos bordados das roupas dos cablocos lanceiros. Com a assinatura de Fabrício Machado, o tênis traz a estampa das golas de maracatus também nas palmilhas e no cadarço (que me parece ser um adicional). No solado, marcas de lama e na parte de trás a emblemática frase de Chico Science “um passo à frente e você já não está mais no mesmo lugar”.





Aqui em Recife, quem já conheceu o tênis pela internet se divide entre os que adoraram a novidade e os que acharam o resultado do design não tão bom assim. Eu particularmente gostei e adoraria ter um, mas não sei ainda quais as lojas em que o tênis estará disponível para a venda a partir de junho já que a edição é limitada e só será comercializadas em PDVs selecionados. Pra quem se interessou, a edição especial com caixa de madeira e que também promete outras surpresinhas, vai ser distribuída exclusivamente em promoção do site SneakersBr, acompanhem.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom


Ontem fui ao cinema assistir ao novo “filme fashion” que está em cartaz. Despretenciosamente fui ver uma comédia romântica sobre um assunto que me interessa. O filme é legal, um bom passa-tempo pra assistir comendo pipoca. Mas quando eu saí da sala, fiquei pensando, não no filme, mas num assunto que ainda não havia sido abordado pela indústria cinematográfica americana (pelo menos não que eu me lembre). Os delírios (vou resumir, ta) é um filme que trata com humor a corrida desenfreada sobre o consumo, e principalmente o consumo de marcas de moda - um dos segmentos de mercado mais ricos e também os maiores anunciantes publicitários. Ou seja, é dinheiro, e muito. Isso é no mínimo sintomático. Sintoma de uma sociedade talvez já saturada de seu modelo de produção e consumo. Hollywood não faz filme sem que seu público seja certo e sabido, claro que há os azarões, mas não é esse o caso. Os delírios é um filme sobre uma doença, uma compulsão causada não só por problemas psicológicos, mas também por todo esse bombardeio publicitário. Nos filmes pipoca americanos, é comum que as meninas ou rapazes feinhos e sem graça, sejam transformados pela moda e o consumo mudando suas imagens, é aí então que sua confiança e seu talento reprimido acabam vindo à tona. Neste filme, ocorre mais ou menos o contrario, Becky precisa deixar de “ter” para poder conseguir “ser” alguém.
Não deixem de ver o filme, Nao é um filmão, mas vale a reflexão sobre os nossos tempos e os possíveis caminhos da moda de agora em diante.

Sapatos de Milão

Tudo bem, eu confesso quase desisti deste post, mas como não é a proposta desse blog falar da última notícia, e sim comentar e conversar sobre moda, eu resolvi fazer mesmo assim. Desde que aconteceu a temporada de desfiles de outono de Milão (fevereiro!!!) eu separei as fotos, mas a falta de tempo pra parar e escrever foi deixando a data ficar pra trás.
Sapatos! A maioria das mulheres treme quando vê nas vitrines esses deliciosos objetos de desejo. Não por acaso os sapatos e lingueries são os elementos do guarda-roupa feminino mais procurados pelas mulheres. Pesquisas confirmam que eles aumentam a auto-estima feminina. Se você está acima do peso, a roupa do seu manequim pode até não servir, mas seu sapato servirá e as lingueries... bem, falaremos sobre elas em outra ocasião, senão o post vai ficar muito longo.
Separei aqui alguns dos sapatos desfilados em Milão e vou só comentar rapidinho, não vou fazer nenhuma análise do que vai ou não emplacar como vedete das vitrines.

Gucci – Apostou numa linha mais fetiche, o preto imperou.

Marni – A grife trouxe uma profusão de informações. Sapatos multicor sobre meias estampadas, o efeito é discutível, mas os sapatos com design retrô e cores metálicas são românticos e impactantes.

Missoni - Trouxe uma elegância discreta em tons de beje, explorando texturas no estilo jacquard e um interessante detalhe no calcanhar.

Prada – Separei em duas linhas os sapatos da coleção. A Prada criou moicanos nos pés. Incríveis, cheios de tachinhas e franjas, seu conforto ou praticidade é discutível mas o visual é realmente estonteante. Na sua segunda linha, os sapatos tem mais “cara” de utilitários, com solados grossos e linhas bem mais simples, mas igualmente charmosos.

Roberto Cavalli – Como é de se esperar do estilista, a extravagância imperou. Botas com peles e texturas de tachinhas trabalhadas como efeito sobre o couro. As cores foram os pretos e cinzas.






sábado, 4 de abril de 2009

Nova campanha de Fause Haten

Na verdade o estilista nem é um dos meus preferidos. Admiro seu trabalho, mas não visto suas roupas, por uma simples razão, não faz meu estilo. Mas não posso deixar de citá-lo por sua importância no mundo da moda brasileira.
Mas o que me deixou feliz mesmo, foi saber que um amigo das antigas foi o diretor de arte da campanha. Então esse post na verdade é para celebrar Paulo Cabral, colega de faculdade e figuraça talentosíssima. Pra vocês o making of do ensaio fotográfico da campanha.
Bjs Paulo. Parabéns!

E falando em filmes...


Quem acompanha a mídia de moda, com certeza soube da confusão que aconteceu no ano passado no desfile da estilista Agatha Ruiz de La Prada em Milão. Sasha Baron Cohen, entrou passarela adentro roubando a cena e deixando todo mundo curioso sobre a sua próxima empreitada. Agora o mistério está desfeito com a entrada no ar do trailler do seu novo filme, mas polêmica foi refeita pois alguns já foram retirados do ar (que pena que não posso postar aqui) por alguns problemas de violação de direitos, mas não vou entrar nesse mérito.
Voltando ao enredo, agora Sasha mirou na indústria da moda e bem ao seu estilo "ao vivo e a cores", filmou bastidores, bagunçou o coreto, alfinetou e criticou com muito bom humor e cara-de-pau. Bruno: The movie, faz piada com a futilidade e questiona nossos valores e a quem nós damos valor. Principalmente na passagem do filme em que ele adota uma criança africana e a utiliza quase como um acessório de moda, como na cena do aeroporto em que a criança é resgatada da esteira de bagagens como se fosse uma mala Louis Vuitton.
Quando vai chegar por aqui, não faço a menor idéia, mas não vejo a hora de ver o fime. Pra quem achou Borat genial, não pode deixar de assistir Bruno. Mas se você odeia esse tipo de humor, aconselho não pisar no cinema.
Já que o trailler saiu do ar e não tem como postar pra vocês, abaixo a foto e o vídeo da invasão de Sasha nas passarelas de Milão no ano passado.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Chanel - O filme



Quem gosta de moda não perde um bom filme sobre o assunto. Filmes como Pré-a-porter e O Diabo veste Prada foram esperados ansiosamente pelo os fashionistas de plantão. O mérito deles é discutível, uns amam outros odeiam, mas não deixam de ver. O fato é que um assunto tão atraente, gera realmente polêmicas na sua forma de abordagem.
O mais novo filme desejado por quem trabalha ou gosta do assunto, provavelmente também não sairá ileso de polêmicas. O filme Coco Chanel, estréia na Europa em 22 de Abril, e no Brasil a data ainda não está confirmada. O filme, que traz a eterna Amelie Poulin – Audrey Tautou no papel da estilista, promete abordar mais sua vida que sua carreira, ele mostrará a trajetória da francesa antes de se tornar famosa. Baixinha, magrinha e sem grande beleza, Chanel mostrou-se gigante em sua elegância e bom gosto, e com um enorme talento para revolucionar a moda de uma época. Tanto que seu nome tornou-se imortal e sua marca levada adiante após seu falecimento, é hoje talvez a mais icônica de todas as grandes marcas, dentro do seleto universo da alta costura.
Confiram o trailer, ainda sem legendas, que já está na internet e algumas fotos de divulgação. O figurino contou com a colaboração da Maison Chanel e de Karl Largerfeld que recriaram alguns vestidos da estilista.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Mais uma incrível Visionaire






Não faz muito tempo fiz um post sobre uma edição da Visionaire, que convidou vários nomes importantes da indústria da moda para assinarem estampas para camisas pólo.
A Visionaire, não é uma publicação comum, seus álbuns, que são referência para quem trabalha com moda, são lançados apenas 3 vezes ao ano, e por isso muito esperados e igualmente bem elaborados. Na sua última edição, (que costuma ter formatos altamente diferenciados, não mantendo uma forma de apresentação), ela é apresentada em uma caixa roxa, devidamente numerada com uma placa de metal que traz dentro uma coleção de pequenas surpresas. Com a colaboração do mestre em “engenharia de papel” Bruce Foster, foi criada uma série de cartões, cada um assinado por um belíssimo time de artistas, designers e fotógrafos. Os cartões confecionados em papel rígido e com lombadas como se fossem livros, em conjunto funciona como uma espécie de portfólio em formato pop-up.
Pra quem não sabe, pop-up é uma técnica de dar volume ao papel através de recortes, apliques e dobraduras, de modo que ao virarmos uma página, um volume armado apareça diante de nossos olhos. Essa técnica é muito usada em livros infantis como forma de estimular a leitura proporcionando ao leitor uma experiência dinâmica.
O resultado é uma edição de babar com nomes como Steven Meisel, Mario Testino e Gareth Pugh (de quem falei num post anterior) num incrível exercício de criatividade. Confira as belas imagens abaixo e se quiser ver mais visite o site da Visionaire. Como é de se esperar será mais uma edição a ser transformada em peça de colecionador.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Adesivos para Notebook


Eu tenho um outro blog onde exponho e vendo meus stickers ou adesivos decorativos para ambientes (visitem também o luciana-designer.blogspot.com). E estou fazendo uma série de adesivos para notebook. Essa é a primeira sequência que fiz, e resolvi postar aqui porque o tema escolhido foi moda. Criei uma personagem fashion que a princípio estou chamando de Darling (pode ser que eu mude ainda). Pretendo fazê-la em várias situações, na verdade em pequenos editoriais de moda.
Quem se interessar e quizer sair arrasando com seu notebook é só entrar em contato para adquirir uma dessas belezinhas. O preço é R$ 50,00 para o de 15'' e R$ 45,00 para o de 14".

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

E isso é moda?

Outro dia num jantar com minha irmã e meu cunhado, falávamos sobre um artista plástico que sem espaço para vender seu trabalho, acaba oferencendo-o à amigos em repartições públicas, em troca de algo pra sobreviver. Aquele papo me deixou triste pra caramba, afinal, o artista em questão é alguém que tem um trabalho sólido, e sempre foi fiel ao seu estilo. Não paro de pensar que essa situação absurda não seria tão comum se muitos de nós não achassem que arte só existe pra ornar com o sofá da sala e enfeitar parede.
Pensando neste mesmo assunto, dia desses estava lendo um dos meus livros de moda que falava sobre estilo pessoal. Sobre acreditar no que se faz e persistir naquilo mesmo que a princípio os outros não nos compreendam. Se o que você faz for genuíno, acredite: mais cedo ou mais tarde alguém vai lhe notar. Talvez não seja fácil, talvez você fraqueje, mas não desista tão rápido. Esse conselho parece blábláblá de auto-ajuda, mas acho que posso falar disso um pouco, minha autocrítica permite, acho que estou no grupo dos que fraquejou um pouco, mas ainda não desisti. (Viu Natália!!)
Tem um cara que se chama Gareth Pugh, que hoje é considerado pela critica especializada um dos principais nomes da moda de vanguarda. Inglês de 27 anos, ele tem os dois pés na década que nasceu (80), mas alia a isso um frescor futurista. Porque lembrei dele? Porque nos seus primeiros anos de carreira, Gareth quase não vendeu, alguns lhe viam como uma promessa, mas ele fazia roupa apenas para a passarela. Utilizando materiais inusitados como PVC inflado e Plexiglass em volumes esculturais, que causavam enorme impacto em seus desfiles, Gareth não fazia roupa que pudessem entrar em linha de produção, mas em compensação marcou seu estilo e hoje já vestiu nomes como Kylie Minogue e Beyonce em seus shows e clipes.


Antes disso, Gareth chegou a receber ordem judicial para deixar o imóvel em que funcionava seu ateliê. Hoje ele descobriu seu espaço no mercado, encaixou sua moda-arte onde pode viver dela. Mas só chegou lá porque persistiu no seu estilo e encontrou seu lado comercial.
Além de sua marca própria, fala-se que ele será o novo criativo da Dior Homme. O fato é que sua persistência fez com que seu nome fosse associado a um estilo moderno e único, repleto de novidades, construções geométricas e a união entre o preto e branco sempre presente em suas coleções.



As imagens acima são de sua coleção de 2009, e as outras abaixo são da sua coleção de 2007 (ainda pouco comercial) que dada à sua importância, pode ser vista no site do Victoria and Albert Museum na sessão Fashion in Motion.


Em resumo, esse post é mesmo um desabafo. Sem querer ofender ninguém, mas fico muito triste ao ver que muitas pessoas ao invés de contribuírem para que outras sobrevivam de seus talentos, simplesmente lavam às mãos e se isolam nos seus espaços financeiramente sólidos achando que não têm nada a ver com isso. Não podemos deixar que pessoas cheias de talento sejam levadas à desistir porque não podem sobreviver. Antes de ficar espantando com o valor de uma obra de arte pense no que alguém possa ter passado antes de seu trabalho adquirir este valor, pense que aquilo é algo único e genuíno e que só o autor e mais ninguém poderia produzí-lo, pense que deixar de admirar a arte e contribuir para que ela aconteça pode fazer o mundo sem graça e poesia.

domingo, 25 de janeiro de 2009

SPFW

E o São Paulo Fashion Week terminou, com destaque (a meu ver) para os maravilhosos desfiles da Osklen, Ronaldo Fraga e Animale. E acabei de descobrir no Uol, que a opnião para o editor de moda deles também foi a mesma. Porque os três? A Osklen, é uma marca que gosto demais, pelo seu elegante despojamento e conforto, e que para este inverno trouxe roupas de moleton, aquele tecido que não se vê nas araras há muito tempo, desde a década de 80. Na verdade a marca não foi a primeiro a "redescobrir" esta matéria prima, já que tem algum tempo que a moda de rua ressucitou os casacos de capuzes, por exemplo. Mas a Osklen, fez mais, trouxe cortes novos e tratamentos diferenciados para os moletons e tricôs em uma coleção belissímamente apresentada por modelos de rostos quase lavados e dreads nos cabelos que se harmonizavam perfeitamente com a roupa. 


O segundo desfile, o de Ronaldo Fraga (do qual já falei aqui), foi inesquecível, o que é um feito quase hercúleo nesse meio de efemeridades. Ronaldo emocionou e saiu do lugar comum com sua moda autoral e lúdica. O encontro de gerações desenhado com giz, não se apagará tão fácil da nossa memória.


O terceiro, o da Animale, foi um dos que mais surpreendeu. A marca, que tem um perfil, digamos assim, mas "fatal", que costuma fazer coleções mais comerciais, com uma abordagem sexy sofisticada, para um público já fiel a esse filão, trouxe uma coleção, mais "cabeça". Com pesquisa de tecidos, tramas e materiais, a Animale refrescou a sua proposta. Não deixou de ser sexy, mas mostrou um sexy moderno, longe do convencional. Para quem como eu gosta de ver o que a roupa ainda pode mostrar de novo, esse desfile foi um prato cheio. Tricôs com fios metalizados, moldagem à vácuo, desenhos inspirados nos volumes dos músculos, formas arredondadas, maxi-zíperes, recortes e drapeados incríveis e estampas instigantes de tramas musculares e uma coisa que mais pareciam um conjunto de células, animaram a passarela. Sem contar nos corpetes, ícones de sensualidade, que foram reinventados e utilizados de forma menos óbvia sob os tricôs e apenas sugeridos.

Queria muito um daqueles casacos de lã moldada, de preferência o cinza escuro, quem se habilita? 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Inclusão e moda


Muito se fala de inclusão social hoje. Mas é fato que a moda é um dos meios mais democráticos e ao mesmo tempo mais excludentes que existem. Corpos perfeitamente magros e, que são privilégio de poucas, desfilam e encantam a cada estação em que os criadores nos brindam com suas coleções de estações frias ou quentes, como o SPFW em sua edição de inverno que acontece agora em São Paulo. 
No meio de muita roupa bonita, mas até certo ponto convencional, não raro acontecem algumas coisas daquelas que nos arrepiam e nos fazem pensar. Jun Nakao, já nos encantou a todos em 2004, neste mesmo evento, ao discutir a efemeridade da moda com uma maravilhosa coleção de roupas feitas em papel que ao final do desfile foram rasgadas pelas modelos, frente a uma platéia que não acreditava no que via. Moda que filosofa, questionando-se a si própria.
Esse ano, o maravilhoso Ronaldo Fraga, trouxe para a passarela não somente moda, mas pensamento. Num espetáculo dos mais belos, vestiu crianças e idosos com suas roupas e os pôs para desfilar, frente à críticos, compradores, curiosos, aficionados e quem mais quisesse ver que regras às vezes são burras. E muitas vezes não nos questionamos se precisamos seguí-las de verdade, apenas as seguimos, como se fosse uma verdade absoluta.
Hoje, tanto eu quanto centenas ou milhares de outras pessoas talvez, se sentiu libertada. Melhor ainda, creio que muitos se sentiram de certo modo vingados, olhando aquela linda passarela de Ronaldo, colorida de diferenças, de belezas como elas realmente são, em seu tempo e a seu tempo. Moda pra ser vestida por qualquer pessoa, sem que esta precise usar manequim 36, ou que sequer tenha passado da puberdade. Modelos de gente, vestida com elegância, humor e estilo de um dos maiores criadores que o Brasil já gerou. Esse mineiro inventivo, e contestador que hoje nos encheu de emoção. Um show de inclusão.